Para a APEF, os projetos ferroviários que se devem seguir são a linha de alta velocidade, que vai permitir que haja “mais canal disponível na linha do Norte para as mercadorias”, assim como a quadruplicação da linha Contumil-Ermesinde e a nova ligação entre Sines e Grândola. Para o diretor-executivo da APEF, “outro tema que é relevante prestar atenção diz respeito aos terminais, que devem ser preparados e adequados para um serviço de transportes com as características que permitam alavancar o investimento que foi feito na rede ferroviária”.
Para Miguel Rebelo de Sousa, quando o Ferrovia 2020 estiver concluído “vai permitir termos uma rede ferroviária fiável, segura, com um aumento de capacidade interessante e que importa capitalizar”. Mas, avisa, “temos é de ter uma estratégia integrada quanto aos transportes, que permita criarmos as condições necessárias para a ferrovia ser vista como alternativa”. O responsável sublinha ainda que “precisamos de mais alguns investimentos para atingirmos os objetivos que Portugal definiu para a quota modal da ferrovia, que não apenas na infraestrutura”, considerando “um tema crítico os custos de contexto”.
Sobre este tema, o diretor-executivo da APEF adiantou que “corremos o risco de virmos a ter infraestruturas ferroviárias novas e modernizadas, mas não termos comboios para circular nelas”, criticando a proposta de atualização média no próximo ano de 23% para a taxa de uso da infraestrutura ferroviária. “Estamos a investir milhões na infraestrutura para aumentar a capacidade de transporte de mercadorias do país e alavancar as exportações, mas precisamos de trazer os clientes para o comboio, caso contrário os comboios não a utilizarão”, frisou.
Miguel Rebelo de Sousa garante que os operadores “não conseguem absorver um aumento de custos desta natureza e vão ter de imputá-lo ao cliente e ao preço de cada transporte efetuado”. Segundo disse, os vários decisores já foram “alertados sobre a gravidade da decisão”, esperando agora que “haja vontade política e bom senso”, sob pena “de estarmos a dar autênticos tiros nos pés da ferrovia”.