APEF congratula-se com suspensão de taxa de acesso ao terminal ferroviário do Porto de Sines
2 Nov, 2023
O plano Ferrovia 2020, lançado em 2016 para fomentar o transporte de mercadorias, em particular as exportações, devia ter sido concluído no final de 2021, mas a Infraestruturas de Portugal (IP) admite que o programa de investimentos de 2,1 mil milhões de euros só esteja totalmente executado no início de 2025. Em entrevista ao Negócios, o diretor-executivo da APEF, Miguel Rebelo de Sousa, refere que a principal consequência deste atraso deriva do facto de termos “uma rede ferroviária que é um estaleiro de obras em todos os eixos”, o que “impacta bastante a operação e reduz a qualidade de serviço do transporte ferroviário”. Por essa razão, diz o responsável, “temos mais custos, conseguimos menos sinergias e acabamos por ter mais dificuldade em manter os clientes fiéis à ferrovia”.

Para a APEF, os projetos ferroviários que se devem seguir são a linha de alta velocidade, que vai permitir que haja “mais canal disponível na linha do Norte para as mercadorias”, assim como a quadruplicação da linha Contumil-Ermesinde e a nova ligação entre Sines e Grândola. Para o diretor-executivo da APEF, “outro tema que é relevante prestar atenção diz respeito aos terminais, que devem ser preparados e adequados para um serviço de transportes com as características que permitam alavancar o investimento que foi feito na rede ferroviária”.

Para Miguel Rebelo de Sousa, quando o Ferrovia 2020 estiver concluído “vai permitir termos uma rede ferroviária fiável, segura, com um aumento de capacidade interessante e que importa capitalizar”. Mas, avisa, “temos é de ter uma estratégia integrada quanto aos transportes, que permita criarmos as condições necessárias para a ferrovia ser vista como alternativa”. O responsável sublinha ainda que “precisamos de mais alguns investimentos para atingirmos os objetivos que Portugal definiu para a quota modal da ferrovia, que não apenas na infraestrutura”, considerando “um tema crítico os custos de contexto”.

Sobre este tema, o diretor-executivo da APEF adiantou que “corremos o risco de virmos a ter infraestruturas ferroviárias novas e modernizadas, mas não termos comboios para circular nelas”, criticando a proposta de atualização média no próximo ano de 23% para a taxa de uso da infraestrutura ferroviária. “Estamos a investir milhões na infraestrutura para aumentar a capacidade de transporte de mercadorias do país e alavancar as exportações, mas precisamos de trazer os clientes para o comboio, caso contrário os comboios não a utilizarão”, frisou.

Miguel Rebelo de Sousa garante que os operadores “não conseguem absorver um aumento de custos desta natureza e vão ter de imputá-lo ao cliente e ao preço de cada transporte efetuado”. Segundo disse, os vários decisores já foram “alertados sobre a gravidade da decisão”, esperando agora que “haja vontade política e bom senso”, sob pena “de estarmos a dar autênticos tiros nos pés da ferrovia”.

https://www.jornaldenegocios.pt/empresas/transportes/detalhe/atraso-no-ferrovia-2020-sobe-custos-aos-operadores

 

ETIQUETAS:

Tem sugestões acerca do nosso conteúdo? Contacte a nossa assessoria de imprensa.

Pode fazer-nos chegar os seus comentários ao nosso conteúdo ou sugerir-nos assuntos que gostasse de ver tratados pela APEF.

5 + 10 =