A Associação Portuguesa de Empresas de Mercadorias – APEF não pode deixar de manifestar a sua surpresa e incompreensão perante as palavras proferidas em conferência de imprensa hoje pelo Senhor Ministro da Presidência ao referir-se às causas da sinistralidade ferroviária e associá-las ao consumo de álcool pelos maquinistas.
A APEF não se revê nessas declarações e considera-as desfasadas da realidade, apenas explicáveis por desconhecimento.
De facto, se se consultar os Relatórios Anuais de Segurança emitidos pelo IMT é possível verificar que a maioria dos acidentes ferroviários tem origem em questões de infraestrutura e suicídios, não havendo qualquer acidente ferroviário cuja causa tenha sido atribuída a consumo de álcool.
Para além disso, o último relatório da European Union Agency for Railways (ERA) relativo a Segurança ferroviária publicado em março de 2023 demonstra que Portugal tem um número de acidentes por atravessamento em passagens de níveis assinalável, apesar do investimento que tem vindo a ser realizado com vista à redução do número de passagens de nível. No entanto, o mesmo relatório assinala que a grande maioria dos acidentes ferroviários registados são causados por deformação de carris e carris partidos, que são questões associadas à manutenção da infraestrutura ferroviária.
Mais uma vez, não se verifica qualquer acidente ferroviário causado pelo consumo de álcool, muito menos de maquinistas, pelo que consideramos as declarações do Senhor Ministro infelizes.
A Segurança é a pedra basilar da ferrovia e todos os que nela trabalham contribuem diariamente com profissionalismo para garantir uma circulação de comboios segura, permitindo a mobilidade das pessoas e da carga da forma mais segura e fiável possíveis.